Como a gente muda...

Fico pensando na minha infância e comecei a perceber o quanto é interessante essa fase na vida da gente. A gente gostava das coisas com percepções diferentes.

Eu acreditava que Vovó Mafalda era mulher e que Rick Martin era o Menudo mais viril. Comia miojo cru com tempero e nem ligava se tinha dor de barriga. Brincava de médico e não me preocupava com o exame e muito menos com termômetro do médico.

Brincava de escritório e nem imaginava o quanto odiaria isso no futuro. Ria de chorar com filmes pastelões como "Corra que a polícia vem aí" ou "Loucademia de Polícia". Mentira: mesmo com 33 anos eu ainda choro de rir com esses filmes... Não me condenem, por favor!!!

Os meninos que achava lindos, não me atraem nem um sorriso amarelo nos dias de hoje. Usava calça semi-bag, também conhecida como calça esquenta coração ou calça gola rolê, sapato trator e camiseta de surf da Pakalolo e rezava pra não ficar com a vassoura no fim da música lenta na festinha do bairro porquê não fui bem produzida.

Brincava de queimada e ficava emputecida quando alguém me acertava, pois sempre voltava roxa por conta de minha morenice. Quando brincava de esconde-esconde, levava vantagem, pois morava no 1º andar e ficava em casa comendo e vendo TV enquanto os trouxas me procuravam (quando criança dá pra ser FDP, não tem jeito), e depois voltava tirando sarro: - Ah, não me acharam! Não me acharam!

Pulava muro (hoje não pulo nem degrau de escada), soltava pipa, fazia do skate carrinho de rolemã, andava com bicicleta sem freio e vivia machucada. Como o fato de me machucar à toa não mudou muito, então deixa pra lá!

Será que mudou muita coisa? Acho que não, afinal a gente acredita em tanta coisa ainda...