Mais uma vez, aqui na seção Aí meu saco, darei vazão ao que me faz gritar: - Aí meu saco!
Não quero ir para o céu. Lá encontrarei com o Kaká...
Em um passado não tão longínquo, eu jogava em uma escolinha de futebol que estava prestes a fazer seu primeiro jogo amistoso. Eu tinha uns 13 anos. Me vi sentado no banco do vestiário, esperando o técnico decidir o time titular e entregar o uniforme. Ao pegar o jogo de camisas bem passadas e reluzentes, ele começou a cantar a escalação: meu goleiro é tal, lateral direito é você, na zaga é você e você, e assim foi. Quando a escalação avançou e foi chegando perto das posições de meio campo, onde eu atuava, minha apreensão aumentou. O técnico anunciou o volante, o meia direita e antes de anunciar o meia esquerda, botou uma pressão e fez um mistério. Pegou a camisa 10 e falou: - Essa aqui pesa, hein!!! Pra jogar com essa tem que ser bom! Em segundos ele se virou pra mim e jogou a porra da camisa 10 na minha cara. Com um misto de felicidade e nervosismo, vesti a camisa e aguardei as instruções.
Impressionate como todos levaram a sério o que o técnico falou. Me procuravam pra tocar a bola, gritavam pra tocar pra mim. Jogaram a responsabilidade nas minhas mãos, e eu como um bom fominha, adorei.
No futebol profissional a mística é pior. Basta observar o nível dos jogadores que vestem a camisa 10 dos times e das seleções. Na seleção brasileira nem se fala. Depois de Pelé, a pressão ficou absurda. Camisa 10 é sinônimo de craque, de um jogador que a qualquer momento pode decidir uma partida em um lance genial.
Na Copa do Mundo 2010, o nosso camisa 10 é um jogador que é exemplo de profissionalismo, integridade e beleza. Casou virgem, totalmente religioso e nunca foi envolvido em escândalos. Ôpa, peraí! Casou virgem? Jogador de futebol brasileiro casando virgem? Era o que faltava.
Sem contar que ele não me engana há tempos. Era reserva no juniores do São Paulo. O time foi campeão da Copa São Paulo sem que ele atuasse. O time era formado por talentos como Harison, Renatinho, Oliveira, Alemão, Hugo etc. Todos eles e nosso camisa 10 subiram para a categoria profissional, só ele ficou. Não ganhou nenhum título de expressão pelo profissional, sempre amarelou, mas era considerado craque.
Acontece que hoje em dia existem empresas que cuidam da imagem de atletas. É por isso que em alguns canais de TV, um jogador é exaltado e em outros não. Varia de acordo com o investimento. O investimento em sua imagem é ótimo, pois não falam mal dele e nem da sua péssima fase no Real Madri.
Copa do Mundo não é ganha por bons moços. Lembrem em 82 e 86, em que Zico era o símbolo de uma geração. Agora vejam a geração de Pelé, Romário e Ronaldo.
Como podemos confiar em um jogador que não comeu a Helen Ganzarolli. Ela ia em treinos assistí-lo, dava declarações sobre suas intenções para com ele. Por favor, quem não comeu a Helen Ganzarolli? Só eu! Porque não sou famoso, ainda...
Agora imaginem quando a seleção estiver tomando sufoco, o que nosso gatinho crente vai fazer? Jogar tudo nas mãos de Deus. E se a seleção estiver tomando um pau, ele vai dar a outra face pra bater?
Era melhor ter levado o Evandro do Vitória-BA ou o Lulinha ex-Corinthians para vestir a camisa 10, pelo menos se jogassem mal, normal.